A clepsidra centrípeta
escolhe os pesares certos
na contagem que conta.
A água vem da fonte fresca
atrás dos montes inclinados
que escondem segredos.
A lenda dos mineiros algozes
conta que se curvavam diante da clepsidra.
Respeitavam-na como divindade.
(Talvez por falta de estudos
nunca entenderam a lógica da clepsidra
e escolheram profana origem.)
Sobrou para a posteridade
a deificação de um relógio de água,
vulgar como tantos outros mundos fora.
A palavra passou entre gerações.
E hoje
um mito ganhou incontestáveis pergaminhos
(como se diz ser próprio dos mitos).
Temerosa
até a gente que desalinha de crendices
se silencia.
Os mitos ganham vantagem no húmus da agnosia.
Poucos os esclarecidos metem pés ao caminho
da mutilação do pensamento:
melhor método para não serem
denunciaria por heresia
não se conhece.
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