17.9.16

Logro

A clepsidra centrípeta
escolhe os pesares certos 
na contagem que conta.
A água vem da fonte fresca
atrás dos montes inclinados 
que escondem segredos.
A lenda dos mineiros algozes
conta que se curvavam diante da clepsidra.
Respeitavam-na como divindade.

(Talvez por falta de estudos
nunca entenderam a lógica da clepsidra
e escolheram profana origem.)

Sobrou para a posteridade
a deificação de um relógio de água,
vulgar como tantos outros mundos fora.
A palavra passou entre gerações.
E hoje
um mito ganhou incontestáveis pergaminhos
(como se diz ser próprio dos mitos).
Temerosa
até a gente que desalinha de crendices
se silencia.
Os mitos ganham vantagem no húmus da agnosia.

Poucos os esclarecidos metem pés ao caminho 
da mutilação do pensamento:
melhor método para não serem
denunciaria por heresia
não se conhece.

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