20.9.16

Espólio

Não era o fingimento
o esconderijo arranjado no leque de sombras
a secura dos dias longamente sem chuva
os pretéritos alternativos em manhãs sem regra
que desencavilhavam explosivos interiores.

Podiam as luzes mortiças travar o firmamento.
Podiam os cordões deslaçados
armar armadilhas sem espera.
Podia o espólio terçar cicatrizes incuráveis.

Nada tinha importância
nada se congeminava
no possível furto do tempo
pois não havia algozes capazes.

O espólio desarrumado
um pouco como as ruínas em redor:
desconsumição com raízes frágeis
mas promessa entrelaçada
numa teia diligentemente servida.

O espólio já não entra nas contas.
Já só cinzas
imprestável grilheta seria ao tempo maior.

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