E
se o arejamento das ideias
tivesse
penhor em máscaras necessárias
transbordando
da fogueira acesa
para
um chão cheio de gelo
onde
tudo se adormece?
Podem
os mecanismos que desarticulam o ócio
pender
para o lado da lua
e
logo se encenam as máquinas compostas
em
sucessivas doses de empenho:
renova-se,
então,
a
fé nas pessoas,
nas
coisas,
no
mundo quase inteiro
(que
subsistem contrariedades indomáveis
e
descaminhos sem remédio
–
há quem insista em chamar-lhes preconceitos).
Jogam-se
os dados tirados da água da manhã
à
espera dos números certos.
Sem
saber o que são os números certos
a
não ser quando estouram nas mãos
num
festival de cores que se arqueiam
sobre
as palavras
e
emprestam iridescência ao dia nascente.
A
fórmula não está gasta.
Às
vezes,
apenas
esquecida
como
a poeira nos interstícios das persianas,
a
poeira que consome parte da luz do dia.
Mas
há sempre um piano sortilégio
desembainhado
da fantasia
que
cobre o dia com as pétalas convincentes
que
tudo o resto deixam em hibernação.
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