16.9.16

Convalescença

Sob o peso das nuvens de chumbo
dizem:
não temos nada a temer.
Os fumos densos
não trazem rios de lividez
não desassossegam as almas fartas.
Diante dos trôpegos madraços
desdizemos a má fortuna
que cobiçam aos demais.
Talvez desenhássemos
círculos perfeitos na orla das nuvens
a tempo de sermos soberanos.
Ou então
atrás das coisas escondidas
sob a penumbra encavalitada
tirávamos à sorte as ruas dardejadas
em danças rituais à medida dos loucos.
Dos loucos de que invejamos estatuto
à espera da desunião entre os elementos axiais
e das nótulas que,
prolixas,
desinquietam os próceres da altivez.
Até sermos todos gente meã
e de um lugar térreo deixarmos de nós
o sumo abundante e mélico.

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