Sou eu
dentro das nuvens
sua ossatura exemplar
mas não
tenho lágrimas
e a chuva calculada fica adiada.
Sou eu
mastro estocástico da outrora solidão
agora vertente exemplo do amor
imensa nau
onde todos os mares têm cabimento.
Sou eu
caução
maior da loucura sã
(e
mesmo da insana,
se
preciso for)
generosa alma
dádiva
de frondosos frutos
corpo hasteado em penhor de invernia
desassombro faustoso
na opulência
das páginas abertas
franqueza enquistada
no castelo amurado contra os vetustos
ardis
frontispício
aberto à lhaneza demandada
rio indomável
irrompendo
entre as rochas timoratas
janela desembaciada à espera do amanhã
à
espera da manhã quimérica
das almas suficientes
do amor majestoso
por onde regresso ao eu que sou.
Sou eu
esta pedra viva
onda sobreposta
perfume tardio
lua-sol
sem ocaso a pestanejar sobre o
entardecer
sem pesares sombrios
só
com a corda toda
o apetite desatado pelo húmus enriquecido
de olhos avidamente abertos
preparados para se embriagarem
na alquimia segredada num murmúrio
ouvido desde a voz quente
que dá
alimento
à
alma que assim se engrandece.
Sou eu.