6.7.17

Sortilégio

Um archote
à espera de ser incinerado.
Pois disseram
que sem luz não há cabimento
para o dia sequer;
não há túneis regrados
lemas frequentáveis
lugares merecedores
palavras mercadas
gente com lugar para o ser.
Sobrepõe-se,
o archote,
às sombras contumazes
a macieza das flores ditadas
no arquétipo do jardim imaginado.
Alguém empresta chama ao archote.
Desprendem-se pequenas centelhas
que se apagam
ao beijarem o orvalho tardio.
Talvez se concebam sombras
furtivas sombras
no rumorejo da chama do archote.
Ou então
a chama é domada entre as mãos
e toma-se o seu tremor
como arrebatamento em falta.
O arrebatamento
para sancionar o fausto em que o dia,
um dia atrás do outro,
vem embebido.

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