Sob a chuva fria
a minha voz.
O tira-teimas.
Sob a chuva
já ensopado
e a chuva já não
fria
a voz cansada
numa enseada.
Os dados
atirados
no articulado
palco sem chão
e um vulto
sereno
vagaroso
apontando com o
dedo trémulo
para um norte
sem bússola
sem a voz
emudecida.
Alcanço o piano
o piano sem as
negras teclas
e, a medo,
martelo duas, três
teclas.
Era a minha voz
embargada
no lago louco
sem nuvens por perto.
Já sem chuva
o corpo
entretanto frio
a voz arrancada
a ferros
deixada num
solilóquio solene
percutindo nas árvores
avulsas
sitiando a noite
já não medonha.
Era só a minha
voz
transida pela chuva
fria
transigindo os
proibidos a eito.
A voz
que ninguém
ouvia.
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