2.7.17

Arraia-miúda

Do corpete da arraia-miúda
lamentos vociferados
contra o mastodonte verdugo da iniquidade.
Sob as estrelas anãs
em sucessivas danças desinspiradas,
sob ameaça de dívidas incobráveis
(as dívidas que os penhoram),
arremedo mal disfarçado
de retratos esboçados em estirador,

no estirador dos planos levianos.

Come-os por dentro
o verniz macabro da cobiça.

Fingem-se cavalheiros
no porte arcaico,
bastardo.
A simples pele
o descarnado que todos são
é farol inesgotável:
não se é quem se quer ser
e não é
por falta de capacidade para o ardil;
é por se não conseguir incarnar
a carne património dos outros.

Aos Pirros
emboscadas de si mesmos,
a arraia-miúda mundana,
o lamento que troa
calando as trovoadas furtivas.

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