10.7.17

Totalidade

Sou eu
dentro das nuvens
sua ossatura exemplar
mas não tenho lágrimas
e a chuva calculada fica adiada. 
Sou eu
mastro estocástico da outrora solidão
agora vertente exemplo do amor
imensa nau
onde todos os mares têm cabimento. 
Sou eu
caução maior da loucura sã
(e mesmo da insana,
se preciso for)
generosa alma
dádiva de frondosos frutos
corpo hasteado em penhor de invernia
desassombro faustoso
na opulência das páginas abertas
franqueza enquistada
no castelo amurado contra os vetustos ardis
frontispício aberto à lhaneza demandada
rio indomável
irrompendo entre as rochas timoratas
janela desembaciada à espera do amanhã
à espera da manhã quimérica
das almas suficientes
do amor majestoso
por onde regresso ao eu que sou.
Sou eu
esta pedra viva
onda sobreposta
perfume tardio
lua-sol
sem ocaso a pestanejar sobre o entardecer
sem pesares sombrios
só com a corda toda
o apetite desatado pelo húmus enriquecido
de olhos avidamente abertos
preparados para se embriagarem
na alquimia segredada num murmúrio
ouvido desde a voz quente
que dá alimento
à alma que assim se engrandece.
Sou eu. 

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