A lente gasta
trava o olhar.
Nem a impaciência
murmura as dores rudimentares
na varanda do baço conhecimento.
Pedras no sapato,
diriam os ainda penhores da lucidez
não
fosse a lucidez impossível
por furtivas contrariedades à vontade.
Qual foi o pretérito equinócio
que acendeu as contrariedades?
A lente gasta
profundamente baça
quase como se jogasse à cabra cega.
Qual foi o pretérito equinócio
que contraiu a lente baça?
Um
enigma
mal disfarçado de enigma:
à
falta de miopia
as lentes precisas não são.
Sem lentes para repousar o olhar
qual o pretérito equinócio
que arregimenta o caos assim ungido?
A falta de vontade
ou
os olhos embaraçados pela vetusta acrimónia
ou
os olhos desembaraçados das vulgatas de antanho
ou
a folhagem desprendida da tempestade
atirando areia aos olhos
assim já
não ancorados.
Sem os néctares
por companhia
hipotecado por uma cegueira estulta
atira os papéis sem serventia
para a fogueira que empresta luz.
Há um
cansaço que se adia
pelo tempo fora
uma falsa valsa sem coreógrafo
o fastio de
barriga cheia
a
maré das contrariedades depostas
a
maré das contradições em ebulição.
Já não
repousam os olhos
sob a
lente indulgente:
dessa carestia não padecem
resplandecentes
ufanos
humildes pescadores
no mar imenso sem horizonte à vista.
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