A
ponte partida em dois
o
barco temeroso não se aventura
os
marinheiros na embocadura do rio
perguntam
ao silêncio
que
desastre combaliu a ponte.
Duas
são as margens
sem
ponte como união.
Sobra
gente descuidada
nas
duas margens,
incrédula
mascarando
o desespero
olhando,
lívida,
os
escombros ladeira abaixo
os
vestígios de pedra despojados no rio
na
água contudo sossegada.
Um
ancião avivou reminiscências:
quando
faltavam oito décadas para hoje
e
ele medrava,
ainda
infante,
a
hostilidade soerguia-se entre as duas margens
à
míngua de ponte.
Recordou
o
ancião com os olhos marejados
que
a ponte foi a melhor oferenda dos deuses
e
que homenagens foram à mercê do feito.
A
noite caía
e
a penumbra levou consigo
a
devastação da ponte ruída.
Ninguém
dormiu na noite depois:
não
queriam pesadelos de arengas
nem
revisitação dos casos bélicos;
assim
como assim
eram
gente com pátria comum
gente
com parentela do outro lado
da
margem.
No
despontar da manhã
misturada
com uma neblina teimosa
a
ponte confirmava-se
destruída.
Os
vizinhos não quiseram
dar
a mão à resignação:
de
uma assentada,
na
diligência fervilhante
de
quem recusava a contingência
ou
a derrota diante do sobressalto,
arregaçaram
as mangas.
Contra
o conselho dos engenheiros
prometeram
em
jura solene
que
a ponte seria reunida
num
lustro de semanas.
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