12.7.17

Apostilha

Nada
no baço desarticular do fumo
no cigarro madraço
aceso
sem o nada por haver
entre as cortinas onde o tudo se esconde.

Tinha as medidas
no tempo em surdina
e os olhos eram a maresia
à espera de um miradouro a preceito.

Dizia:
quero o tojo a enfeitar a pedra chã
os peixes voadores em explosão cinética
uma constelação de palavras sobrepostas
uma chamada murmurada entre as paredes dúbias
o diálogo enroupado
chapéus datados, aformoseados
lugares terraplanados no templo das ilusões
logros acomodados nas esquinas sem sombra.

Nada digo
aos prazos diuturnos
aos deveres sem caução
aos propósitos inverosímeis
à mortalha onde medra a desconfiança
à palavra adeus no seu apocalipse
à noite medonha com medo de ser branca
aos vultos resgatados de um poço seco
aos fantasmas transbordados dos panos gastos
às intempéries boçais
aos deselegantes apóstolos das palavras banais.

Imperativo sem par
é o desligar a ficha da corrente
e povoar as imagens diante dos olhos
com os ingredientes da alquimia feita
com o ouro mágico ungido dos dedos.

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