Inventei
uma monção
agora que
a chuva é teimosa
– uma monção
que não é minhota.
No lago
defunto
onde só os
nenúfares medram
agora tudo
bebe renovação
pela mão da
vistosa visita da chuva.
Os desapossados
de sorriso
por estes
dias de tempestade
revolvem-se
nas entranhas:
possuídos
ai, se ao
menos pudessem,
disparavam
o arsenal todo
contra os
feitores da monção,
ou martelavam
um tamponamento no céu diluviano.
Tirando os
joelhos condoídos
de idosos
em decadência
e os
impensáveis aduladores do “bom tempo”
não se
proteste contra a monção ágil
o filamento
dourado da fértil terra
seu
tesouro incandescente
a água de
que somos todos escansões
– lá vai
lugar comum:
“a fonte
da vida”.