O
xisto sem dono
candeia
em que lanço âncora
reinado
intemporal
caudalosa
frágua no apetite ímpar
de
onde nascem árvores sem semente
árvores
com a raiz à mostra
bebendo
nas veias do xisto lúgubre.
Não
são as cidades
esteio
que espera
nem
o cimento amontoado pede água;
pode
ser lúgubre o xisto
e
ainda assim
mata
a fome à fome avulsa
nas
suas veias suculentas
e
todavia escondidas.
O
sol consome-se no tubular nevoeiro
impaciente
para
se servir da paisagem
o
manjar esperado
condimento
ostensivo na garrafa embaciada.
Sem
o tirocínio dos homens da terra
que
o xisto generoso abre suas pétalas
e
as mãos famintas trespassam a aspereza
tornando-se
macios
(mãos
e xisto)
na
quimera dos paradoxos.
Ensina-se
aos ascetas
os
pródigos novelos em cascata
que
ascendem desde o vale até ao entardecer.
Um milhafre
longínquo
dança
os ossos cansados contra a falésia;
a
presa não chegou a ser presa
e o
milhafre adiou a fome,
à
falta de olhar cuidadoso
sobre
a paisagem sem algemas.
Os
camponeses
desatentos
por cuidarem da lavoura
esquecem
os inviáveis acessos de fúria;
não
reza a história
de
homens presas de milhafres.
Nunca
fiando:
antes
de os tempos
romperem
o véu da sua véspera
ninguém
adivinhava o xisto
manancial
de árvores e de frutos.
Os
livros
estão
cheios de inesperado.
Agora
se percebe
que haja seguros de vida.
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