Verto no
copo alto
esta maré
que transborda
dos círios
de braços abertos.
Nos abetos
há musgo infante
e eu sei
tomar as asas de um pássaro
bebendo a
paisagem com olhos desaforados.
Pudessem as
molduras sair do sítio
ganhar tempo
ao tempo
para as
crianças serem perenes.
Pudessem as
fronteiras escutar a música
precipitando-se
contra si mesmas
no aceite
de serem farsa.
E da boca
quente
em sílabas
não contadas
as palavras-âmago
servas
entoadas sozinhas
no cruo
silêncio da noite.
O ritmo
acelera no contrarrelógio
mais depressa
do que o tempo
e as horas
são o pavio de nada.
Nas guitarras
distantes
atiro os
dados à sorte
sei soletrar
de trás para a frente
o compêndio
desatualizado
onde estão
sânscritos versos,
mitómanos.
Oxalá aprendêssemos:
os oráculos
refutam-se
em suas profecias.
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