16.2.18

Valsa

É uma valsa?
Ouve:
perdi a vergonha
e ganhei juízo,
o juízo da lucidez
na sedutora balsa da ilusão.

É uma valsa?
Tens a certeza:
dormimos ao mesmo tempo
e açambarcamos as palavras
as palavras que bebemos
na lareira aberta pelos nossos olhos.

É uma valsa?
Mesmo:
na indiferença dos vetustos
raiando neles o sol da sabedoria
já não os sobressaltos.

É uma valsa?
São teus pés:
mnemónica diretora
regaço cingido ao meu peito
o sangue aplacado.

É uma valsa?
Se dizes que sim
não sou ninguém para opor.

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