O
que me podem dizer
esfíngicos
olhares
gatos
matreiros
lágrimas
desnatadas
as
palavras metodicamente sublinhadas
no
tabuleiro descolorido?
O
que me podem dizer
atrocidades
sem rosto
as pedras
lisas de tão gastas
o cobre
escondido
as velhinhas
que tremeluzem sua tristeza
nos
xailes descoloridos?
O que
me podem dizer
os bascos
insubmissos
as marés
sem freio
a carne
bravia, tisnada, afoita
os copos
altos cheios do vinho
retirado
de vinhas descoloridas?
O
que me podem dizer?
O
que me podem dizer
que
eu não julgue saber
por
dentro de um oráculo frívolo
contra
os mestres sapientes
contra
os pesares desarmadilhados
na obnóxia
condição humana?
Servem-se
as
gotas todas da chuva
que
não se recusa
um
nada do tamanho do tudo.
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