4.2.18

Ano zero

Ano zero.
Disfarço-me de vulto.
Porque os vultos não contam
e zero é o vazio a condizer.
A espera pelo ano depois do zero
é a mordaça que sacia o vulto.
Não se sabe
se zero é véspera do um
ou apenas
um labirinto sem porta de saída.
Entretanto
pode ser que acorde
e o pesadelo se dissolva na água matinal.

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