2.3.18

Monção

Inventei uma monção
agora que a chuva é teimosa
– uma monção que não é minhota.
No lago defunto
onde só os nenúfares medram
agora tudo bebe renovação
pela mão da vistosa visita da chuva.
Os desapossados de sorriso
por estes dias de tempestade
revolvem-se nas entranhas:
possuídos
ai, se ao menos pudessem,
disparavam o arsenal todo
contra os feitores da monção,
ou martelavam um tamponamento no céu diluviano.
Tirando os joelhos condoídos
de idosos em decadência
e os impensáveis aduladores do “bom tempo”
não se proteste contra a monção ágil
o filamento dourado da fértil terra
seu tesouro incandescente
a água de que somos todos escansões
– lá vai lugar comum:
“a fonte da vida”.

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