Tenho
fronteiras em meu regaço
limites
desenhados pela trova malsã
bandeiras
descoloridas
idiomas
vetustos, gastos
tenho
uma espada desquiciada
nos
despojos da imperial fachada
e
os escombros dela emoldurados
mapa
que custa pisar.
Tenho
a terra molhada entre as mãos
o
seu cheiro encantador
o
aroma prazerosamente deletério
de
um cachimbo fugaz
o
refúgio contra o palavroso vazio
tirando
o chão aos errantes
tirando
as lágrimas dos melancólicos
e
a sua melancolia legada ao escárnio.
Que
território é o meu?
Na
provável descosedura de tudo
no
improvável arpoar de uma lantejoula
por
carência de cais
por
mares que deixaram de ser navegáveis:
talvez
não saiba dessa terra minha
ou
ela esteja em ebulição
nas
margens sitiadas de um rio murmurado
escondida
do turbilhão hodierno
da
intromissão dos outros sem caução.
Desta
terra sem fim
(porque
assim o determino)
desenho
os contornos
os
marcos geodésicos onde estou de atalaia
a
boca do céu testemunha
para
deleite das porteiras mascaradas de gente
e
infortúnio dos profetas de tudo.
Desta
terra
atestada
terra sem fim,
seu
curador legitimado.
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