11.3.18

Escape livre

Não sejam
as negras nuvens
mortificação:
ao menos
têm uma densidade.
Por labirínticas que sejam
por serem tutoras de dilemas surdos
por serem respaldo do desencontro;
mas densas.
São corredores baços
paredes não tateáveis
palavras que ecoam na sombra
rostos sem silhueta
manhãs com a reprovação dos druidas:
densas, negras nuvens
carregadas com um húmus ímpar
bibliotecas prolixas:
nelas se pode beber
a versatilidade das fontes
e escapar ao dilúvio dos queixumes.
Impossíveis efeitos especiais
sem eremitas nos flancos
são a multiplicação da raiz quadrada das nuvens
pela temerária disfunção do olhar turvo.
Um preceito inigualável:
quando pouco se espera da função
ela presta-se ao proveito mais elevado.

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