Guardo no
bolso
um pedaço
da carne honesta
em segredo
escondido
do olhar
sem peias.
Guardo em
mim
as armas
por terçar
armas nunca
bélicas
no parapeito
da alma não frugal.
Guardo no
avesso do olhar
as frondosas
pedras cinzeladas
no rebordo
das palavras vorazes
preces sem
audiência à espera.
Guardo em
estiradores gastos
o esboço
impossível
e reservo
um esgar desmaiado
na
indiferença metodicamente alinhada.
Guardo na
janela forrada pelo mar
o luar que
veio parar às mãos
um sorriso
pueril
contraponto
da reincidente fuselagem.
Guardo
em memória
futura
a cartografia
dos sonhos vertidos
os ramos dúcteis
no preparo do dia
a bastante
competência
a distração
dos contratempos.
Guardo-me
das intempéries
do flagelo
intemporal
da repressão
do dissídio
dos embaraços
sem remédio.
Guardo-me.
Porque sei
que
“moro no rés-do-chão
do pensamento”
e agrada-me
porque do
pensamento se cuida
na quadriga
de minha atalaia.
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