O buda nada esfíngico
arrota sapiência bolorenta
estica a laca da casta,
seu dedicado servidor
seu autoinvestido tutor,
seu cultor de ritos
– que o altar da sobranceria quadra
com elevada sinecura abarbatada.
O buda de curta memória
esfola os possíveis rivais
nem por lhe ser dado a saber
que não serão concorrência à altura
não por causa de sua meã condição:
às regras obtusas impute-se o delito,
o manto protetor dos budas e afins.
Mas o buda persevera.
Seus são fantasmas apenas quixotescos
e oglareda casta vetusta.
O buda apalavra sapiência
por inerência estatutária
– como quem diz:
assim é porque sou o primeiro do escol
o tiranete que cavalga por cima de preceitos
e se unta na condição de as mudar
se a mudança quadrar com sua vontade.
Palavroso e vazio,
sapiência na inversa proporção
da balofa condição,
ostenta a farda da casta
– certidão que chegue
para atestar autoridade de intelecto.
Não deixa de ser buda
e não deixa de ser parlapatão
em mal disfarçada usura
de estalão embolsado à margem do engenho.
E assim se explica
o buda parlapatão
ardina dos ardinas
comezinho charlatão
meirinho temente dos concorrentes
que o são como os gambozinos.