Sei
das lágrimas enxutas
na varanda sobranceira
ao mar.
Sei
dos vultos
imersos na neblina tardia
de seus olhares vigilantes
rimando com a noite
furtiva.
Sei
da chave fundida
na pauta arcaica
de onde entoa o ciciar
matinal.
Sei
das marés adstringentes
no sopé do horizonte
por onde o olhar
se projeta.
Sei
da memória
que se desenha na posteridade
entre páginas e páginas
por saber.
Sei
de memória
as palavras desembainhadas
no santuário
do desejo.
Sei
do paradeiro
dos penhores da paráfrase
hasteando os lenços humedecidos
pelo orvalho.
Sei
das noites sem sombras
no desembaraço dos fantasmas
na maresia que entra
pelo postigo.
Sei
das proezas vindicadas
por falsários sem remédio
peritos singulares
na mitomania.
Sei
dos oráculos sem rosto
as páginas caiadas em perfeita alvura
o ímpar relógio que dá as horas
do futuro.
Sei
das palavras que quero na boca
metáforas incindíveis
mostruários das profundezas
da alma.
Sei
dos lugares atapetados
dos equinócios sem portas por encerrar
do perímetro apetecível
de um labirinto.
Sei
um módico
medida bastante
para sobre um algo ter
ciência.
E sei
do que sei
sabendo do imperscrutável
que fica por saber.