20.12.18

Quarentena

Três alqueires de alquimia
por cima da pele gasta
no olho do observador experimentado
no furacão ensandecido
que não pactua com vírgulas a destempo:

pode-se enganar uma pessoa de cada vez
mas não todas ao mesmo tempo.

A vã ilusão da grandeza
esbarra no caudal apertado
nas águas mortiças que estagnam
no imemorial lampejo da recordação perdida
interpelando o barro arcaico
a fortaleza que oculta as rugas que destoam:

pode-se pretender ser o fingimento
o papel mais fácil 
(de atuar e de desvendar).

Profetizam os beatos adivinhadores
desgraças mais infaustas
o comezinho pó que se insinua nas entrelinhas
o pós-qualquer-coisa que pisa seus calos
o promíscuo contrabando de ideias
das pessoas desalinhavadas da vertebral coluna:
não sejam insistentes pregadores
não vá sua calvície acabar patenteada
ao público olhar. 

Pode-se jogar no arame da ignomínia
sem saber
que os jogadores são as presas favoritas.

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