9.12.18

Desutopia

Conclui-se o anátema esforçado
a reviravolta a meio da jornada
enxugando as lágrimas de vinagre
que juravam boicotar a ternura. 

Admitem os sarcófagos
a desdita impensável
no contratempo sem remissão
na ignição da penumbra estiolada. 

Os compêndios são atávicos
e continuam a ser idolatrados
na sua meã consideração
de um lugar sombriamente emaciado. 

Compensam as falas surdas
sintomas de um lampejo de claridade
em antinomia com a cidade em escombros
fortuito acaso no tabuleiro montado. 

Se o anoitecer for esta promessa
as bocas não se encerram no mutismo
e subsistem acordadas na madrugada
à espera do dia finitamente caiado. 

Matéria fulminante no lodo inerte
vocábulos vagarosamente silabados
ornamentam a arcádia entreaberta
e os olhares insaciáveis espreitam no dorso. 

Não cuida ninguém de apurar a utopia
que todos recusam sacerdotais messiânicos
na exultação da aprendizagem pretoriana
contra os façanhudos peritos do logro. 

Um módico lampejo de claridade
lido nas entrelinhas do tempo
é erupção de sobra para um telúrico palco
desembaraço em falta para a derrota do letargo.

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