No tricotado das palavras
o desenho das vozes noturnas.
Espreguiçam-se
no alpendre do tempo sem fim
como anzóis errantes num lugar ermo.
Atribuem-se os sonhos madrastos
vasos capilares dos tumultos telúricos;
a gesta emoldurada
não sabe dos verbos favoráveis
e a maré joga-se
no abecedário dos contratempos.
À exceção do imaterial sorriso lacrimejado
não se sabe do paradeiro das feitorias
e o desassossego contamina os sonhos
(ou, dir-se-ia,
os maus sonhos
fermentam no desassossego).
E é a noite,
na mais profunda noite,
que se amenizam as convulsões
desadmitindo as fatias de angústia
que o dia intemporal parece servir.
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