A vergonha não é órfã
sitiada no peito exposto
aos ventos alheios.
Torci pelo perseguido
não suportando maiorias
em diatribes moralizantes.
Caí na transgressão
num leito de pura provocação
o gratuito berro ecoado ao ouvido.
Nas descidas inclinadas
onde se antepõe a decadência
quis amesendar a preceito.
Intuí a delicodoce liberdade
o despojamento sem peias
a dor sarcástica da carência.
Folguei no folguedo
nas variedades proibidas
e não transigi aos costumes.
Da trincha empreendi
e das tintas usei
para dizer que nas tintas estive.
Nos colóquios apessoados
apeteciam andrajos
e a nuvem da higiene em falta.
Não será um fartote de rebeldia
que se me dizem rebelde
logo apetece alinhar pelo canónico.
Chamem-lhe (por assim dizer)
espírito de contradição
apurado com o andamento do tempo.
Espírito de contradição concentrado
depurado com a madurez
contra as aleivosias determinantes.
Pelo gosto de dizer não
quando suplicam o sim
e sim quando esperam o não.
Pelo dever de apaziguar
os demónios que se alimentam das veias
incensando-os nas cinzas transcendentes.
Até de mim saber paradeiro inteiro
o fôlego incansável
refugiado no cais longínquo.
Até de mim sobrarem
(quem sabe)
epitáfios sublimes, silêncios.
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