No leve rumor
da transparência
entre rostos seráficos
e bengalas perdidas na floresta:
não é ao acaso
a empreitada estimada;
o diafragma retesa-se
a respiração adia-se
falta algum oxigénio
e o raciocínio embotado pinta o cenário
– ninguém sabe do seu paradeiro
e a geografia perdeu estima.
Julgo que se trata
de uma amálgama desatenta
e a transparência
é aspiração vertida para fora,
só para fora,
no beijo álgido
que não deixa um estremecimento.
Perguntem aos estorninhos
o que diz a sua lavra.
Perguntem
aos sacrificados
no óbice de suas falas.
Perguntem aos modernos gladiadores
que alimentam a energia que parece perene.
Os nomes irmãos falam em uníssono
mesmo quando discordam.
Falam.
O que parece traduzir-se em boa nova.
Rompe-se a letargia.
Reagem os obstetras de colóquios impensáveis.
Os anátemas
soçobram à violência do tempo
e é quando se descobre
a frivolidade da transparência.
Eu sempre tive por desconfiáveis
os que se oferecem ao panteão das virtudes
ao trono suportado em “valores”,
numa competição sem mecenas
apenas uma exibição de pós-aburguesamento
sem intervalo na crónica dos (bons) costumes.
Eu sempre tive
por nada confiáveis
os que em si mesmos conhecem
os lugarejos onde apascentam
a transparência.
Eu sempre tive por desconfiável
que tanto lustro seja aditivado
a um pergaminho que se deseja solar.