Não me digam
o que não é falável
na circuncisão do olhar
pelas lágrimas repressoras
de altivos sicários de almas.
Prefiro desfalar
o que é falável
usar a baioneta da palavra
fecundar a dissidência
no altar
onde
só vozes caiadas
colhem identidade.
Não me obstruam o mar
que as minhas ondas se sobrepõem
aos paredões indigentes.
Não levem
o ouro que trago na pele
que a nudez remanente
é pólvora
ateada no quartel dos fracos.
Não me digam
o que tenho caução para dizer
que serão essas as palavras
que faço sussurrar na boca,
continuamente.
Não desembaracem fronteiras
que eu próprio me faço salteador
e desembarco numa baía
onde o areal se declarou
livre
de magistrados castradores.