3.2.21

O bom gigante

Deito-me à amálgama

que incendeia a boca.

Ao longe

o latido de um cão

irrompe a solidão da madrugada.

Lembro o crepúsculo de véspera

uma claridade singular, 

maduramente ocre,

agigantando-se

contra a decadência do dia;

lembro

como fiquei extasiado

e quase entoei uma prece

para tornar imorredoiro este entardecer.

Mas agora era madrugada:

a negação 

do imorredoiro, quimérico ocaso de véspera.

Entendo agora

a amálgama que não julgo ser prisão

nem labéu que me desterra

mas o manancial que semeia

a estatura maior do que sou.

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