1.2.21

Já não há bandeiras para estes mastros

(Trama desnacionalista)

 

As bandeiras choram.

Escamam as suas lágrimas

nos bebedouros onde se alicia

a melancolia.

Os prantos fundem-se com as preces:

ah, 

outrora lançávamos os dados

e hoje não passamos de peões

num tabuleiro onde somos

deslembrança.

As bandeiras rasgadas,

pontuação da desesperança

e só por um segundo

a grandeza,

essa tão fátua grandeza,

se levanta das teias dos manuais:

neles se encerram as suas fronteiras;

neles 

vivem os fantasmas

que resistem ao exorcismo do presente.

O futuro 

é feito do presente 

que vamos adestrando,

este o seu autêntico tirocínio.

O passado 

tem o conhecimento 

como única serventia;

não se presta

a ser a fonte ardilosa

de onde manam 

oráculos disfarçados de miasmas.

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