O retiro
ou mais:
o lúgubre lugar
exílio das palavras embaçadas
penhor ávido
das deslembranças.
Ou retiro
às mealhas da memória
o corpo extático
e no alpendre
que tutela o rio
agiganto o eu novo
que se retira
à hibernação gorada.
No retiro ermo
ou mais:
na fuga que desmata
os medos de seus olhos
desvenda-se o mapa
tecido
pelos dedos não gastos
mercancia da alma sem freio
oráculo sem medida do tempo.
Retiro-me
a tempo do destempo
que me entroniza
e acredito
no póstumo candelabro
vertendo a cera derruída
pelas lágrimas esquecidas.
Desse retiro
onde sou o que serei:
montanha sem neve
impressão digital da primavera cega
rio estrepitoso
cavando o seu caudal
com as mãos não gastas
e o selo
de um olhar sem medo.
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