9.2.21

Aqui é proibido vendar as bocas

Não me digam

o que não é falável

na circuncisão do olhar

pelas lágrimas repressoras

de altivos sicários de almas.

 

Prefiro desfalar

o que é falável

usar a baioneta da palavra

fecundar a dissidência

no altar 

onde 

só vozes caiadas

colhem identidade.

 

Não me obstruam o mar

que as minhas ondas se sobrepõem

aos paredões indigentes.

 

Não levem 

o ouro que trago na pele

que a nudez remanente 

é pólvora 

ateada no quartel dos fracos.

 

Não me digam

o que tenho caução para dizer

que serão essas as palavras

que faço sussurrar na boca,

continuamente.

 

Não desembaracem fronteiras

que eu próprio me faço salteador

e desembarco numa baía

onde o areal se declarou

livre 

de magistrados castradores.

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