Parto sem as chaves da porta
não sei das marés amanhecidas
nas palavras suadas
e aos parapeitos nus devolvo
a fala.
Oxalá seja uma empreitada impura
um daqueles objetos disformes
entoando o salitre atirado longe
e contra os tiranetes categóricos arrimar
a fala.
Concebo-me fecundo aríete
nos despojos de um dia esquecido
arriscando a métrica invalida
e às Desdémonas participo o império
da fala.
No juramento sem lacre
o coração arremete contra o remoinho
onde máscaras sem sentido
patrocinam um medo que não meço
pela fala.
Chego ao estuário que extasia a boca
sem saber dos caminhos demandados
e todavia rasurei as arestas sem previsão
num anoitecer sem angústia à mercê
da fala.
Na fala que me concebe
arrumo as palavras mortas
contra as armaduras tomadas por vultos
antes que seja a espera a minha consumição
na fala em que me concebo.
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