Os
violinos acordam a manhã
com
a doçura da pele quente
ao
meu lado.
Um
beijo confessa a cor da alvorada.
E
sei
que
todos os poros cantados
arranjados
para a decantação
em
febril coação dos sentidos
–
mas uma coação voluntária –
se
embebem em graciosa coreografia
entre
o cálice dos desejos em que se arvoram
enquanto
a manhã nasce sem fim.
Os
violinos arrepiam a pele
adestrados
por anjos tutores
as
mãos dadas que congraçam os corpos
as
bocas que sorvem o vinho que canta
e
se deita nos olhos arrebatados.
Deixamos
aberta a cancela do tempo.
Os
raios de sol
atirados
pela aurora tardia
abraçam
os nossos corpos
e
nós sabemos que as flores inteiras,
as
flores cheias de luxuriantes cores,
servidas
em jarras de fina porcelana
esperam
por nós à cabeceira.
E
sabemos
que
não sobeja nada das sombras
por
nós entretanto desfeitas em luz trémula.
Os
violinos
entoam
as notas mágicas
e
nós tiramos freio ao mais fundo de nós
deixando
o tempo preso na moldura dos olhos.
Pois
sabemos
que
os violinos
e
a alvorada
e
o vinho portentoso
e
os desejos desenfreados
e
os olhos, as mãos, os corpos quentes
são
apenas a grandeza maior
que
encontra leito no corpo do poema.