Um
balcão sobre o mar
onde
as cotovias voam paradas
na
suspensão do tempo deletério.
Trouxe
os braços cansados
e
a boca cheia de fome.
Apregoam
verdades
como
se fossem estradas de sentido único
estradas
de sentido obrigatório
e
talvez não saibam
estes
meirinhos da consumação fáctica
que
são os mais insinceros de todos.
No
balcão sobre o mar
pergunto
às ondas se tem serventia
tantas
verdades irrenunciáveis.
O
mar não se descompõe
–
talvez não tenha ouvido a demanda.
Dou
por assente,
(mesmo
assim)
que
as verdades
as
que são todas insofismáveis
atuam
no palco onde se compõem
as
mentiras maiores.
Não
me lo disseram as ondas paradas
com
o tempo deleteriamente suspenso;
foram
as cotovias
em
sublime coro ciciando ao ouvido.
(E
não dei conta
que
me contassem mentiras
sobre
irrefutáveis verdades
–
no quase nada que sei
sobre
mentiras e verdades.)
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