11.5.16

Cinco sentidos

Vejo
o negro dos pássaros enlutados
que farejam o cio da morte.
Cheiro
o negro das cobaias sem remédio
que involuntárias se entregam
ao sabre dos cientistas.
Provo
o negro das iguarias experimentais
que devolvem palco aos obnóxios.
Sinto
o negro das cortinas de fumo
que se deitam nas mãos
em leveduras tácitas.
Ouço
o negro das cançonetas tolas
que desensinam o ouvido.

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