16.5.16

Contratempo

Explode na boca
um trunfo cheio de demência
sob o ocaso das árvores madrastas.
Explode na boca
enquanto o entardecer se deita no mar
e a luz dá o braço a torcer
a pirómanos audazes.
Um trunfo
desimportante por ser desabitado;
e as árvores gentis
amolecem a boca ressequida
enquanto o mar se mistura com o céu.
Espera-se.
Espera-se pelo comodato do peito
um cinturão justo cheio de esmeraldas
e um braço revigorado pela madrugada alta.
Espera-se
sem outorgar alma
aos contratempos desassisados.

Sem comentários: