25.8.17

E quem se importa com isso?

A rosa manchada
com o sangue dos bárbaros
– e quem se importa com isso?

O lugar vazio
com a facúndia dos estultos
– e quem se importa com isso?

Os braços cruzados
na demanda de empreitadas
– e quem se importa com isso?

Os olhos
suados em lágrimas
– e quem se importa com isso?

O mendigo apessoado
e a rapariga da loja sem curadoria
– e quem se importa com isso?

Os documentos esquecidos
e as palavras impensadas
– e quem se importa com isso?

O hoje sem suspensórios
e o amanhã cicatrizado
– e quem se importa com isso?

As ideias tresloucadas
e a ausência de critério
– e quem se importa com isso?

Um verso escorreito
emparedado em convulsões interiores
– e quem se importa com isso?

A tinta lavada das paredes
e as paredes à espera de linhagem
– e quem se importa com isso?

A mão trémula
na tergiversação dos indomáveis
– e quem se importa com isso?

O desmatar do inenarrável
e as virgens púdicas
– e quem se importa com isso?

A integridade
e a totalidade do mundo
– e quem se importa com isso?

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