Desde a penumbra sem tempo
uma rosa abotoada
grita
surdamente grita
à
espera do devir.
Haverá
chave desarvorada
algures ocultada
talvez sepultada no jardim húmido
o segredo que a rosa embrião espera.
O punhal desafiado
ensanguenta a árvore secular;
folgou a rosa-embrião,
não foi
testemunha da carnificina:
haveria de desistir do parto
e preferia ser nado-morto.
Pelo andar das coisas
e em mantendo-se a teimosia da rosa
que quer ser rosa de nome inteiro
sem saber que
fado a espera:
ciclo emprestado às leis da natureza,
em paciente medrar
até ao
desprendimento de suas pétalas
decadentes enfim,
ou um algoz colhendo-a prematuramente
mercê
das vaidades humanas
que
a querem
para frívolo
enfeite?
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