No microscópio ávido
olhos e cores e
desejos
formas sem forma
um desenho do
mundo
na bissetriz do desabrigo.
Não sei se é
assim
que se
congeminam as coisas
ou se devo dizer
às luas
viandantes
e aos elfos
sonhados
se a
monstruosidade é palco
e nos sobra a
resignação.
Oxalá tudo fosse
no seu oposto.
Afinal não sei.
Guardo em papel
vegetal
os raios quase impercetíveis
de um desenho
vitral
antes de o ocaso
ter ciciado à janela.
Estimo saber que
coisas diversas
se protelam no
estirador abandonado.
Mais valia
um promontório
ao vento
sem armadura
sem velório
tenaz
ou as ondas
furiosas de um mar diáfano.
Oxalá
soubesse ao menos
um lugar
um lugar que
fosse
meu
património meu
(em alternativa)
ou de outrem
e que eu pudesse
tomar de empréstimo
só para me saber
defenestrado da orfandade
numa torrente de
fertilidade pródiga.
Atiro os olhos
cansados
aos enredos passados
em revista
no microscópio
banal.
Não é preciso
mais nada.
A não ser
o sono
desalfandegado
a epiderme clara
da não vergonha
o amor-esteio
e o rosto do
amor-esteio
como castelo
imperecível
na balaustrada
do desejo sem freio
na mercê de um
beijo quente.
Não é preciso
mais nada.
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