Dessa pistola
extraviada
balas sem corso
o trono
extasiado do céu sem cor
constelações despidas
no jardim centrípeto
e as páginas do
livro cuspidas à capa.
Sem os medos desapalavrados
nem as demenciais
gargalhadas
no ergástulo do
mar encapelado
fantasmas denunciados
perdem a face
e bolbos
encarcerados esperam à porta.
Caminham em
movimentos paralelos
loucura e solidão
num archote de
preces estouvadas
ardendo nas
paredes aluadas
sem os dedos por
testemunha
sem infrequentes
vulcões por estamento.
Perdem-se os
tabuleiros gastos
na imensidão do
futuro
e as estrofes
desprendem-se da lua baça
em vinhos pedigree
em ruas tingidas
pelo sortilégio anónimo.
Em vez de loucura
propõem
a mansidão dos
tempos vagarosos
a desleitura das
palavras vizinhas
comboios em
arrefecida marcha
gente sem rosto
a pele
imaculadamente imune ao suor
bíblias e obras
semelhantes.
Desagrilhoo os
chamamentos assim enquistados:
não quero
tibiezas
não admito
dissolução da alma repentina
não torno possível
as viagens
dentro do mesmo lugar
e as arcadas
solícitas que terminam em penhor.
Levantam-se os
mastros irrefreáveis
contra a
subordinação malsã
temerosos
pederastas que se vendem ao desbarato
as páginas e páginas
escritas no nada
num nada sem
remorso
num nada sem incómodo,
o nada inacabado.
Pois levamos o
mar inteiro
abraçado às mãos
suadas,
tentaculares
e devemos a nós
mesmos
a furiosa sede
de tudo querer
sem sabermos dos
limites
pois é dos
deslimites que somos tutores.
Amanhã pode nem
haver
amanhã;
e depois?
as palavras sem
vento
as palavras
vertidas no ouro mais alto
são-nos
creditadas
em ondas imarcescíveis
no estrépito dos
campos em silêncio
de onde trazemos
flores maduras
a medula da glória
embebida na ossatura.
Na noite sem
fundo
emprestamos o
sono ao fojo de um lobo
e somos como ele
lobo irredentista
apóstolo das
franquias por onde se compõe
a gente que
adora ser gente.
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