9.8.17

Quatro mãos

Manifesto:
desando dos luares cerimoniosos
à colheita dos líquenes sofismados
e apadrinho as roças aprumadas
no sul ermo.

Aproveito:
os murais encardidos
e de olhos fechados
arborizo estrofes avulsas
caiando os murais.

Percebo:
quatro são as mãos trémulas
tirando alvura às páginas
em gorjeios militantes
na rosa-dos-ventos.

Concebo:
o estio amordaçado
fadas furtivas vindas do mar
estantes vazias
e um velho inerte de olhar perdido
enquanto bebe o tempo pérfido
à frente do mar
como se esperasse
que as furtivas fadas congeminem novas.

Lembro:
lugares que foram partida
noites sem sono
luzes aspergidas ao acaso
a inverosímil redenção
tempo sem pressa
tempo fugitivo
a imensa constelação de rostos
a as quatro mãos entrelaçadas
fazendo tudo isto naufragar
no repouso do olvido.

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