20.10.20

Contentor: destino incógnito

Por que se confunde

castigo com punição

se os dois se entaramelam

numa nebulosa aflição?

 

Por que se aviva

o raio no limite do sol

se a trovoada se esconde

na cortina de obstruídas nuvens?

 

Por que se fala de tudo

na praça onde alta se nota a vozearia

se os alarves peritos se fundem

no impreciso palavreado?

 

Por que adormecem no estio

as bestas desemparelhadas

se os campinos estouvados

pedem meças na estultícia?

 

Por que se cultivam

os abraços e os corpos entrelaçados

se é no sexo

que eles se agigantam?

 

Por que assobiam estrofes

os desamantes sem espelho

se é no fojo sem batismo

que açambarcam os enteados da lógica?

 

Por que fingem os foragidos

que são estetas da compulsão

se a sua contumácia

é nosso deleite?

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