Por que se confunde
castigo com punição
se os dois se entaramelam
numa nebulosa aflição?
Por que se aviva
o raio no limite do sol
se a trovoada se esconde
na cortina de obstruídas nuvens?
Por que se fala de tudo
na praça onde alta se nota a vozearia
se os alarves peritos se fundem
no impreciso palavreado?
Por que adormecem no estio
as bestas desemparelhadas
se os campinos estouvados
pedem meças na estultícia?
Por que se cultivam
os abraços e os corpos entrelaçados
se é no sexo
que eles se agigantam?
Por que assobiam estrofes
os desamantes sem espelho
se é no fojo sem batismo
que açambarcam os enteados da lógica?
Por que fingem os foragidos
que são estetas da compulsão
se a sua contumácia
é nosso deleite?
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