15.10.20

Silêncio estrutural

Sento-me no vão do silêncio

onde o vulcão se ri das fronteiras

e nenhum passaporte tem validade. 

Sento-me à porta da falcoaria

onde as facas estão líquidas

e o vinho se desimpede

na fermentação ávida do jogo 

com desregras. 

Sinto o medo a ecoar na boca

as suas sílabas arrastam-se

como portões enferrujados

que se desenjaulam da maratona do fogo. 

Sinto que cavalgo no silêncio

e dá-me preço para ser testemunha

de um outro silêncio desautorizado

o modesto encargo

do silêncio 

que atraiçoa o silêncio estrutural.

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