Do lado certo
a montanha desenha-se na luz.
Rasgos de crueldade
na tribuna de um rebanho
(qual será a primeira rês
a deixar de contar
no inventário dos vivos?)
Amortecem a urze sob os cascos
com o mais alto patrocínio
do cão tutelar.
A neve arrancada ao chão
dissimula-se
nos ventres opados
como se fossem vitaminas órfãs
só à espera da confirmação do algoz.
Será rubra
a neve ensarilhada
sob o jugo do punhal severo.
Será assim tingida
a abundante água
vertida pela serra.
A narrativa congemina-se:
não é crueldade
é o oximoro
da beleza serrana.
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