18.12.20

O futuro devorado pelo passado

Nadamos no desterro

à altura mais rasa

do que se pode conceber. 

As colheres dançam

nos filhos das cortinas

e vê-se

que do encardido que levam

as cortinas estão atrasadas

para a lavandaria. 

Por vezes

do areópago mais elevado

sentencia-se:

“como é possível ter aquelas ideias?”

E eu,

que no segredo do meu íntimo

desterro tão atávicas ideias,

apetece-me

(se caísse no logro dos pesporrentes

e como eles fosse tão pesporrente)

destinar 

também ao desterro

a intolerância dos intolerantes

com os intolerantes. 

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