Metaforizava
a levedura extática
sem supor que na escotilha
vegetavam espiões
disfarçados de chefes de cozinha.
Uma voz troou
como se acabasse
com a feição dos minutos
e disse
de mote próprio:
este
é o país
que não tem sobremesas.
As pessoas despacharam a proclamação:
um país que não tem sobremesas
não merece ostentar
à lapela
o nome de país.
Foi quando um eremita,
conhecido citador de poetas
intelectual de velha cepa
(sem, contudo,
se lhe conhecer safra própria)
contestou:
um país é como os pais
só que sem o acento tónico.
E quem não conhece pais
que não pedem sobremesa?
Ficou estabelecido
ao cabo de aturadas negociações
que um país está dispensado
de inventariar sobremesas;
ficou registado em ata
que um país
tem direito à dieta.
Não metaforicamente falando.
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