20.3.22

Finitum est

A aritmética da morte

é isso mesmo

aritmética

a tradição dos corpos inertes

cadáveres que fermentam

no mosto das elegias prometidas

falésias onde se despenham

vidas

vidas extintas no vendaval precoce

um passaporte crepuscular

sem visto selado por embaixada

nem requerimento à espera de ser deferido

uma aritmética

fria e banal

como banais deviam ser 

as irremediáveis coisas

no andar mais fundo que a ossatura permite. 

Uma aritmética

sem mais

contabilidade lutuosa

vociferação dos vivos 

que protestam

em lugar antecipado

a morte que há de ser 

seu paradeiro. 

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