A aritmética da morte
é isso mesmo
aritmética
a tradição dos corpos inertes
cadáveres que fermentam
no mosto das elegias prometidas
falésias onde se despenham
vidas
vidas extintas no vendaval precoce
um passaporte crepuscular
sem visto selado por embaixada
nem requerimento à espera de ser deferido
uma aritmética
fria e banal
como banais deviam ser
as irremediáveis coisas
no andar mais fundo que a ossatura permite.
Uma aritmética
sem mais
contabilidade lutuosa
vociferação dos vivos
que protestam
em lugar antecipado
a morte que há de ser
seu paradeiro.
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